MONICA PRUDENCIO
Itália – Outubro
8/10/18
Itália deixa-me encantada. Chegada do avião, um pouco triste por me ir embora e bastante ansiosa e nervosa, procurei pela Olga, a minha futura colega de casa que estava à minha espera no aeroporto. Ao contrário do que estava à espera, vindo da tradição alemã, cumprimentou-me com um abraço. Fiquei muito feliz porque é uma miúda super doce. Mesmo feliz por isso. Facilita imenso a situação.
Conhecemos a Eugénia (nossa mentora da organização YouNet) que é imensamente prestável e sempre com um sorriso na cara. Chegámos à Organização em Medicina (que ainda fica a uma hora de Bolonha). Depois finalmente vimos o apartamento. É pequeno mas ao menos tem um bom sistema de aquecimento, algo que me faz imensa falta em Portugal.
O melhor foi o facto do apartamento não ter luz quando chegámos. Simplesmente não fuincionava e a água quente também não. Portanto, no primeiro dia apenas pediram uma pizza para nós e tivemos de comer à luz das velas. Foi giro. Conheci melhor a Olga e é uma querida.
No dia seguinte conhecemos a Hetti, uma senhora que também é super simpática e fala um inglês perfeito visto que esteve nos EUA durante 7 anos. Fomos para a associação à tarde. Nervosíssima. As crianças não falam em inglês. O ambiente parece ser fantástico e entre os voluntários e entre estes e as crianças. É num sítio extremamente bonito, literalmente no meio de um jardim enorme. Tentei ajudar um rapaz com o trabalho de casa em inglês. Tinha de escrever um texto argumentativo em inglês mas ele não percebia nada do que eu dizia. Houve uma voluntária que me ajudou a comunicar com ele e à qual fiquei eternamente. Até gostei da experiência mas apenas comecei a ficar receosa porque não sei italiano e as crianças falam extremamente rápido. Comemos lanche que eles oferecem lá. Pelo que percebi, vão buscar a sítios que já não vão vender mais.
Quando eu e a Olga voltámos para casa, percebi que ela estava um pouco triste porque o entrave da língua torna a situação complicada. Ela teve 2 anos de italiano mas obviamente que, sendo alemão uma língua com uma lógica tão diferente, é complicadíssimo para ela. O português é parecido, por isso ainda apanho algumas palavras quando não falam a correr.
No dia seguinte fomos a Bolonha de manhã com a Letizia. Adorei. É uma cidade lindíssima. Não consigo explicar mas parece que estamos num conto de fadas. Nas sextas de manhã e domingos têm um mercado enorme com coisas baratas. É fantástico. Passeámos por lá e comemos um gelado.
À tarde fomos trabalhar para a associação e foi muito melhor. Percebi que os voluntários também não sabem tudo e ajudam-se entre si. As pessoas são super queridas e estou mesmo muito feliz com este projecto.
Bem, quando estávamos no caminho para Bolonha, de manhã, conhecemeos no autocarro (visto que demoramos uma hora a ir e a voltar) uma rapariga super querida e prestável que disse que se precisássemos de alguma coisa, podíamos-lhe ligar. Estuda antropologia em Bolonha. Tem um ar alternativo com um piercing no nariz e o cabelo curto. Literalmente escreveu o número de telemóvel no livro da faculdade, rasgou esse pedaço e deu-nos. Isto para dizer que no Sábado a Olga perguntou se lhe podíamos ligar. Enviámos mensagem a perguntar se ela queria vir connosco a “La Fontana”. Fomos. Estava a chover cântaros. Fomos por um caminho lá e ficámos cheios de lama nos pés. Passeámos por lá à chuva e bebemos um chocolate quente. Esperámos pelo autocarro. Quando chegou, o motorista disse que não era aquele que ia para Medicina mas, como o autocarro ia vazio, decidiu levar-nos lá de graça. Foi super prestável. As pessoas aqui são assim.
No domingo conhecemos o nosso tutor. Chama-se Simone, tem 27 anos e parece ser uma pessoa fantástica. Ele sabe 5 línguas (italiano, francês, espanhol, um pouco de alemão e está a aprender português). Levou-nos a Budrio. Conhecemos duas voluntárias (Polina da Grécia e Laura de França) e fomos dar uma volta por lá. São umas queridas. Elas vivem no teatro. Dentro do teatro, nos bastiadores, supostamente no sítio onde os artistas ficam, porque o projecto delas é lá. Organizam e ajudam em eventos dentro da cidade.
Estava a acontecer um festival de algo naquele dia. Muito giro. Simone é um agente de viagem portanto explicou-nos várias coisas de Budrio. É a vila da ocarina. Já agora, a ocarina foi descoberta porque um homem estava a tentar inventar um novo instrumento musical e, entretanto, deixou cair um e o que restou fou um pedaço de madeira com buracos que se tornou na ocarina. Os acasos conseguem ser as melhores ideias. É uma vila muito gira.
Curiosidades: há um campo de basquetebol que, quando um rapaz que jogava basquetebol morreu, os amigos decidiram fazer um torneio e com o dinheiro do torneio melhoram o campo todos os anos. Também há um homem na cidade que é o “handman” de lá. Tem as chaves para tudo na cidade e sem ele a cidade morre. Também arranja o que quer que esteja estragado por lá. É fantástico. Voltámos para casa de carro de boleia com ele. Ele conhece Linda Martini, Capitão Fausto e Diabo na Cruz. Fiquei parva. Já viajou imenso em Portugal.
Dia seguinte (ontem) conhecemos o resto das voluntárias. São fantásticas e as pessoas da organização também. Gosto imenso de toda a gente. Chegámos à organização. Fizemos um jogo de cruzar os fios e dizer a primeira palavra que nos descreve ou um sentimento que começasse com a primeira letra do nosso nome.
Explicaram-nos a burocracia toda e toda a gente é fantástica. Estou a adorar e estou literalmente a começar. Tratámos das coisas para estarmos legalmente residentes em Itália. Fiquei feliz porque um dos rapazes que estava connosco a guiar-nos (que está a acabar o projecto de EVS) é polaco, não sabia uma palavra de italiano quando chegou e falou em italiano com uma rapariga durante imenso tempo. Há esperança.
Depois fizemos uma tour com uma rapariga e adorei. Bolonha é fantástica e está cheia de pequenos segredos e de pequenos pedaços de história.
Ela disse-nos os 7 segredos de Bolonha:
Há uma igreja que, teve, supostamente, 7 igrejas dentro. Agora penso só ter 4. Quando se sai entra-se numa praça onde há vários bustos na parede e numa delas há um com uns cornos. Diz-se que era porque o escultor odiava o senhor.
Há uma igreja, a principal, que se nota ter sido cortada a meio. Isto, porque, quem construiu pretendia que fosse a maior de Itália. O papa não gostou da ideia porque a maior deveria ser apenas a do Vaticano, por isso, obrigou à criação urgente da biblioteca que está ao lado de modo a não permitir que fosse maior que aquilo.
Como se vê é uma cidade fantástica e brilhante. Adoro.
11/10/18
Tem sido altos e baixos. Às vezes é difícil estar longe de tudo, outras vezes é excitante. Os miúdos são queridos e simpáticos, gosto deles de um modo geral mas ontem a Letizia pôs-me a “ensinar” um miúdo italiano e eu não conseguia porque não havia forma. Como vou ensinar o que quer que seja se não sei italiano? Quando tentava ele não percebia. Comecei a ficar frustrada e a querer desistir. A Letizia ficou a ensinar-lhe mas eu só podia ficar a olhar. Não conseguia fazer mais nada. Estou preocupada que nunca consiga. Quando foi a merenda nem me apeteceu ir lá fora. Estava mesmo em baixo. Até que uma miúda extremamente simpática, que vem da Índia começou a falar comigo em inglês e foi o momento mais feliz do meu dia. A mãe dela pediu para ensinar a rapariga (Lali) a falar inglês muito bem. Fiquei mesmo feliz.
De resto, gostava de ver se encontro um hobbie aqui para ocupar o tempo livre e conhecer mais pessoas por aqui. Tenho estado a ver se há centros de Yoga ou algum tipo de desporto.
Adoro alguns voluntários, especialmente a Moama e o Matteo. Mas todos os outros também são prestáveis e tentam falar connosco mesmo que não saibamos italiano.
Este fim-de-semana devemos ir a Bolonha. Vamos estar com uma voluntária de Espanha e talvez nos encontremos com o nosso tutor.
13/10/18
Hoje as coisas estão melhores. O tempo aqui passa mais devagar. Parece que estou cá há meses e ainda nem meio mês passou. Acordo cedíssimo nem sei bem porquê por isso tenho ido correr de manhã. Devem ser os ares italianos.
Ontem fomos para o trabalho e estava lá a Lali. É tão bom ter alguém que percebe o que digo! Fiz o trabalho de inglês com ela. Depois ela perguntou se daqui a um ano eu ainda estava cá e eu disse que me ia embora. Ela perguntou-me, triste, “porquê? Tu és tão simpática!”. Fiquei extremamente feliz.
Depois fomos dar uma volta com dois voluntários da associação que são de Medicina e falam inglês. Fomos ver se havia um centro de Yoga aqui mas fechou. No entanto, a Letizia depois disse que talvez houvesse um ainda aberto. Por isso, vamos ver.
À noite estivemos a ajudar num jantar solidário que realizaram em Medicina. As pessoas pagavam uma quantia um pouco elevada que revertia para uma instituição. Estivemos , basicamente, a ajudar a servir a comida à mesa. Gostei muito e é sempre engraçado tentar falar com algumas pessoas quase através de mímica.
Depois de tudo ainda fomos a uma pequena festa aqui em Medicina com a Letizia e a Valentina. Chamava-se street food festival e era pequeno mas ainda haviam algumas pessoas nas ruas e música ao vivo.
Acho que as coisas estão a ficar mais estáveis. Já não me sinto tão triste das saudades, até porque as pessoas da associação tentam sempre arranjar coisas para fazermos. Acho que os primeiros dias é que são os piores. Vamos ver como correm estes dias.
Fomos a Bolonha. A cidade é fantástica. Nem tenho palavras para a descrever mas é como uma cidade medieval lindíssima. Tudo é pensado pormenor. Acho que as pessoas de lá nem sabem o quão linda é.
Fui com a Olga. Fomos a lojas de roupa porque ela precisava de uma calças. Depois encontrámo-nos com uma explicadora de italiano que ela teve na Alemanha. Almoçámos com ela e mostrou-se sempre com um sorriso na cara e uma pessoa energética, daquelas que transmite uma espécie de energia positiva no momento em que falam connosco. Ela falou de um programa que haveria de ser giro. Acho que se chama “Tandem” ou algo parecido e basicamente ficamos a falar com uma pessoa que saiba a língua que queremos aprender, enquanto nós falamos uma língua que saibamos que a outra pessoa queira aprender. Ou seja, no meu caso, objetivo é aquela pessoa falar Italiano e eu falar português e se tivermos alguma dúvida, perguntamos. É uma óptima forma para aprender a falar a língua. Vou procurar.
Quanto ao resto, fomos depois ter com duas raparigas do voluntariado: a Marina e Anetta. Elas são fantásticas. Comentámos religião, situação política no país país de cada uma, ambições, preocupações, também são como eu em termos de poupadas forretas, bebida (convidaram-nos para ficar uma noite em Bolonha a beber e dormiamos lá), etc... É tão bom ver como são de outros países com culturas tão diferentes mas como são tão parecidas em termos de peronalidade. Bebemos um café e passeámos por Bolonha, a deambular sem um destino fixo. Devemos ir a Florença com a Anetta e a Lily, pelo menos convidámos no grupo das voluntárias e mostraram-se disponíveis a virem connosco. Adoro que elas tenham aceitado!
Viemos para casa por volta das 19h e a Olga estava cheia de dores de cabeça. Teve imenso a azar porque acho que foi a vez, de todas as vezes que andámos no autocarro, em que as pessoas fizeram mais barulho. Vamos ser se melhora...
16/10/2018
No Domingo aproveitámos para descansar. À noite fomos ao street food festival mesmo aqui ao pé. Dançámos um pouco. Depois passou uma banda fantástica que fazia covers de rock. Foi divertido.
Ontem decidi fazer um prato tipicamente português, mas de uma forma vegetariana. Fiz alho francês à brás e ela gostou bastante. Fico feliz que goste de pratos portugueses, é sempre bom, visto que as pessoas internacionalmente nem conhecem muito.
Quanto à associação, mantém-se tudo igual. Continuo a tentar fazer um esforço imenso para perceber o que dizem porque falam rápido mas repetem sempre se eu precisar, felizmente.
Quando a Lali vem é sempre mais fácil. Ela é muito curiosa quanto ao português porque quer aprender. Tem imensas ambições. É uma querida. Normalmente vamos para o jardim brincar um pouco. No outro dia, estivemos às cambalhotas e aos pinos. Brincámos à mímica, entre outras coisas. Quando estamos mais preguiçosos, ficamos na associação a jogar às cartas ou a jogar ao jogo do stop. O que interessa, é que eles se divirtam!
22/10/18
Fomos ao centro de Yoga ver os preços e eram 36 euros, 6h por mês. Acho que não vale a pena. É demasiado caro e puxado para o aquilo que conseguimos pagar. Portanto, considerarmos estar fora de questão.
A Letizia disse-nos que a Hetti se tinha oferecido para dar lições de italiano, o que é ótimo. Pode ser que aprenda um bocadinho de italiano, veremos. Basicamente, visto que eu e a Olga estamos em níveis diferentes, vai ensinar primeiro a uma durante uma hora e depois a outra durante outra hora, duas vezes na semana.
Sábado fomos a Bolonha. Encontrámo-nos com a Omama e o Matteu. Eles são uns queridos mas eu estava estafada. Fomos jantar a um restaurante e finalmente provei o Tortelloni. Era muito bom, realmente! Estava a querer ver Bolonha à noite há imenso tempo! É fantástica! As luzes fazem uma cidade acolhedora, pintada de vermelho. Adoro aquela cidade.
De resto, fomos no dia anterior a “castelo s. Pietro” com a Litizia, Matteo e Omama. Passeámos um pouco no parque e almoçámos por lá. Gostei imenso, apesar de ser pequeno. Temos de ver se conseguimos explorar as pequenas terrinhas perdidas que se encontram de volta de Bolonha.
27/10/18
Hoje fomos a casa da Sandra, uma das voluntárias, almoçar. Éramos eu, a Olga, a Daniela (portuguesa), Sandra e Marina (espanholas). Levámos uma quiche de legumes e panquecas que fizemos no dia anterior.
Quando estávamos lá, senti-me um pouco mal porque a outra rapariga portuguesa já se desenrasca no italiano e eu nem por isso. Percebi tudo o que elas diziam mas não sei se alguma vez conseguirei ter a facilidade que ela tem. Ela disse que era porque no projecto não há mesmo ninguém que fale inglês, por isso, ela teve mesmo de aprender extremamente rápido. No entanto, senti alguma pressão para aprender mais rápido.
Vamos a Napoli no Arrival Training em Dezembro, ou seja, quando chegar a Lisboa já terei estado em Bolonha e em várias terrinhas à volta, em Florença, Verona e Napoli (Nola, mais especificamente). Espero que consiga, neste tempo, ir a todos os sítios que sempre quis em Itália.
28/10/18
Hoje ajudármos a organizar a banca da associação “La Strada” na feira de voluntariado em Medicina. O problema foi mesmo estar a chover, o que tornou tudo mais complicado porque não pudemos fazer muitas das atividades planeadas. Não estava quase ninguém na rua, portanto foi um pouco triste mas estivemos com a Omama.
Amanhã talvez vamos a Bolonha, mas eu preciso muito de fazer o trabalho de casa. Vou tentar fazer agora à noite só que preciso de internet para acabar e, para isso, preciso de ir amanhã de manhã ao escritório. Preciso mesmo de Internet e supostamente vamos ter em duas semanas. Não sei, vamos ver.
31/10/18
Feliz Halloween! Hoje a rapariga que costumo ajudar não estava. Tentei ajudar um rapaz muito querido que tem 12 anos, paquistanês e que se desenrasca no inglês. Hoje eram fracções e algumas eram muito dificeis... Acabei por ter de ter a ajuda de outra voluntária porque algumas coisas não consigo explicar. Quando acabaram os trabalhos de casa, as miúdas ficaram a falar connosco em italiano. É difícil responder, até porque falam depressa. Depois jogámos ao jogo do “Stop” que temos jogado imenso, especialmente quando está mau tempo para ir para o jardim brincar com eles.
As aulas de italiano que temos estão a ser ótimas. Adoro a Hetti, ela é uma querida e explica bem e isso é o que realmente interessa. Ela disse que o italiano escrito era bom e que só precisava de começar a falar mais. Eu sou insegura nisso, por isso custa-me um bocado, admito. Então a Litizia disse que havia um clube de teatro e que podiamos começar a ir para nos familiarizarmos mais com pessoas da nossa idade também. Era bom para começarmos a falar italiano.
Eu não me importo de ir mas é dificil. 30/25 euros por mês. Não é imenso mas é um pouco. Decidimos aceitar o desafio e tentar. A Letizia estava tão empolgada com a ideia que até vai connosco ao primeiro ensaio.
Hoje fizeram uma festa de Halloween. Imensa comida. Os miúdos vieram e estivemos a falar todos e a conviver um pouco.
8/10/18
Itália deixa-me encantada. Chegada do avião, um pouco triste por me ir embora e bastante ansiosa e nervosa, procurei pela Olga, a minha futura colega de casa que estava à minha espera no aeroporto. Ao contrário do que estava à espera, vindo da tradição alemã, cumprimentou-me com um abraço. Fiquei muito feliz porque é uma miúda super doce. Mesmo feliz por isso. Facilita imenso a situação.
Conhecemos a Eugénia (nossa mentora da organização YouNet) que é imensamente prestável e sempre com um sorriso na cara. Chegámos à Organização em Medicina (que ainda fica a uma hora de Bolonha). Depois finalmente vimos o apartamento. É pequeno mas ao menos tem um bom sistema de aquecimento, algo que me faz imensa falta em Portugal.
O melhor foi o facto do apartamento não ter luz quando chegámos. Simplesmente não fuincionava e a água quente também não. Portanto, no primeiro dia apenas pediram uma pizza para nós e tivemos de comer à luz das velas. Foi giro. Conheci melhor a Olga e é uma querida.
No dia seguinte conhecemos a Hetti, uma senhora que também é super simpática e fala um inglês perfeito visto que esteve nos EUA durante 7 anos. Fomos para a associação à tarde. Nervosíssima. As crianças não falam em inglês. O ambiente parece ser fantástico e entre os voluntários e entre estes e as crianças. É num sítio extremamente bonito, literalmente no meio de um jardim enorme. Tentei ajudar um rapaz com o trabalho de casa em inglês. Tinha de escrever um texto argumentativo em inglês mas ele não percebia nada do que eu dizia. Houve uma voluntária que me ajudou a comunicar com ele e à qual fiquei eternamente. Até gostei da experiência mas apenas comecei a ficar receosa porque não sei italiano e as crianças falam extremamente rápido. Comemos lanche que eles oferecem lá. Pelo que percebi, vão buscar a sítios que já não vão vender mais.
Quando eu e a Olga voltámos para casa, percebi que ela estava um pouco triste porque o entrave da língua torna a situação complicada. Ela teve 2 anos de italiano mas obviamente que, sendo alemão uma língua com uma lógica tão diferente, é complicadíssimo para ela. O português é parecido, por isso ainda apanho algumas palavras quando não falam a correr.
No dia seguinte fomos a Bolonha de manhã com a Letizia. Adorei. É uma cidade lindíssima. Não consigo explicar mas parece que estamos num conto de fadas. Nas sextas de manhã e domingos têm um mercado enorme com coisas baratas. É fantástico. Passeámos por lá e comemos um gelado.
À tarde fomos trabalhar para a associação e foi muito melhor. Percebi que os voluntários também não sabem tudo e ajudam-se entre si. As pessoas são super queridas e estou mesmo muito feliz com este projecto.
Bem, quando estávamos no caminho para Bolonha, de manhã, conhecemeos no autocarro (visto que demoramos uma hora a ir e a voltar) uma rapariga super querida e prestável que disse que se precisássemos de alguma coisa, podíamos-lhe ligar. Estuda antropologia em Bolonha. Tem um ar alternativo com um piercing no nariz e o cabelo curto. Literalmente escreveu o número de telemóvel no livro da faculdade, rasgou esse pedaço e deu-nos. Isto para dizer que no Sábado a Olga perguntou se lhe podíamos ligar. Enviámos mensagem a perguntar se ela queria vir connosco a “La Fontana”. Fomos. Estava a chover cântaros. Fomos por um caminho lá e ficámos cheios de lama nos pés. Passeámos por lá à chuva e bebemos um chocolate quente. Esperámos pelo autocarro. Quando chegou, o motorista disse que não era aquele que ia para Medicina mas, como o autocarro ia vazio, decidiu levar-nos lá de graça. Foi super prestável. As pessoas aqui são assim.
No domingo conhecemos o nosso tutor. Chama-se Simone, tem 27 anos e parece ser uma pessoa fantástica. Ele sabe 5 línguas (italiano, francês, espanhol, um pouco de alemão e está a aprender português). Levou-nos a Budrio. Conhecemos duas voluntárias (Polina da Grécia e Laura de França) e fomos dar uma volta por lá. São umas queridas. Elas vivem no teatro. Dentro do teatro, nos bastiadores, supostamente no sítio onde os artistas ficam, porque o projecto delas é lá. Organizam e ajudam em eventos dentro da cidade.
Estava a acontecer um festival de algo naquele dia. Muito giro. Simone é um agente de viagem portanto explicou-nos várias coisas de Budrio. É a vila da ocarina. Já agora, a ocarina foi descoberta porque um homem estava a tentar inventar um novo instrumento musical e, entretanto, deixou cair um e o que restou fou um pedaço de madeira com buracos que se tornou na ocarina. Os acasos conseguem ser as melhores ideias. É uma vila muito gira.
Curiosidades: há um campo de basquetebol que, quando um rapaz que jogava basquetebol morreu, os amigos decidiram fazer um torneio e com o dinheiro do torneio melhoram o campo todos os anos. Também há um homem na cidade que é o “handman” de lá. Tem as chaves para tudo na cidade e sem ele a cidade morre. Também arranja o que quer que esteja estragado por lá. É fantástico. Voltámos para casa de carro de boleia com ele. Ele conhece Linda Martini, Capitão Fausto e Diabo na Cruz. Fiquei parva. Já viajou imenso em Portugal.
Dia seguinte (ontem) conhecemos o resto das voluntárias. São fantásticas e as pessoas da organização também. Gosto imenso de toda a gente. Chegámos à organização. Fizemos um jogo de cruzar os fios e dizer a primeira palavra que nos descreve ou um sentimento que começasse com a primeira letra do nosso nome.
Explicaram-nos a burocracia toda e toda a gente é fantástica. Estou a adorar e estou literalmente a começar. Tratámos das coisas para estarmos legalmente residentes em Itália. Fiquei feliz porque um dos rapazes que estava connosco a guiar-nos (que está a acabar o projecto de EVS) é polaco, não sabia uma palavra de italiano quando chegou e falou em italiano com uma rapariga durante imenso tempo. Há esperança.
Depois fizemos uma tour com uma rapariga e adorei. Bolonha é fantástica e está cheia de pequenos segredos e de pequenos pedaços de história.
Ela disse-nos os 7 segredos de Bolonha:
- A história da donkey tower- É uma torre muito alta que se chama da donkey tower porque um senhor pobre (camponês) estava a trabalhar quando os burros dele não paravam de escavar num certo sítio. Ele decidiu investigar o que era e encontrou um tesouro. Decidiu que o deveria guardar para uma ocasião especial e não dizer a ninguém que o tinha. O seu filho estava apaixonado por uma donzela de boas famílias, no entanto, o pai dela não permitia que ela fosse casar com um camponês. Naquela altura, a forma de mostrar riqueza, era construindo a maior torre da cidade. Bolonha era a cidade das torres, então, um senhor disse ao filho do camponês que podia provar ao pai da donzela que tinha dinheiro construindo a maior torre. Ele não tinha dinheiro para isso e desabafou com o pai. O pai achou que era a ocasião perfeita e construiu a maior torre da Bolonha.
- Flecha- Há um sítio onde vivia um casal. A mulher era lindíssima mas ele não lhe ligava nenhuma, então ela envolveu-se com outra pessoa. O marido soube e disse aos guardas que quando a vissem a abrir a janela do quarto (algo que fazia todas as manhãs) a matassem com uma flecha. Ela ouviu e quando chegou à janela, despiu-se. Os guardas ficaram “encadeados” com a beleza e erraram. A flecha está no tecto.
- Dizem que Bolonha é a cidados dos dotados, a cidade da comida e (não me lembro do outro). Mas é a cidade vermelha porque é tudo vermelho e porque tem uma forte esquerda. Quase toda a gente é comunista. Também se diz que é a cidade dos 3 “w”s: the city of wood, of wine and of weed.
- Há uma frase em latim na cidade universitária que ninguém sabe o que significa nem onde se encontra. É um mito.
- Há um sítio, numa janelinha algures na parede onde se abre e parece mesmo que se está em veneza. É fantástico.
- A Estátua de Neptuno foi construída tendo como entuíto de fazer o Neptuno um homem viril e forte. Mas a igreja obrigou a que o seu pénis fosse pequeno porque era um pouco indigno. Então, construíram de forma a que, de um certo ângulo o pénis pareça enorme quando de frente não o é.
- Há um sítio onde se pode falar num canto de uma parede, ouvindo-se, perfeitamente, no canto da outra parede oposta.
Há uma igreja que, teve, supostamente, 7 igrejas dentro. Agora penso só ter 4. Quando se sai entra-se numa praça onde há vários bustos na parede e numa delas há um com uns cornos. Diz-se que era porque o escultor odiava o senhor.
Há uma igreja, a principal, que se nota ter sido cortada a meio. Isto, porque, quem construiu pretendia que fosse a maior de Itália. O papa não gostou da ideia porque a maior deveria ser apenas a do Vaticano, por isso, obrigou à criação urgente da biblioteca que está ao lado de modo a não permitir que fosse maior que aquilo.
Como se vê é uma cidade fantástica e brilhante. Adoro.
11/10/18
Tem sido altos e baixos. Às vezes é difícil estar longe de tudo, outras vezes é excitante. Os miúdos são queridos e simpáticos, gosto deles de um modo geral mas ontem a Letizia pôs-me a “ensinar” um miúdo italiano e eu não conseguia porque não havia forma. Como vou ensinar o que quer que seja se não sei italiano? Quando tentava ele não percebia. Comecei a ficar frustrada e a querer desistir. A Letizia ficou a ensinar-lhe mas eu só podia ficar a olhar. Não conseguia fazer mais nada. Estou preocupada que nunca consiga. Quando foi a merenda nem me apeteceu ir lá fora. Estava mesmo em baixo. Até que uma miúda extremamente simpática, que vem da Índia começou a falar comigo em inglês e foi o momento mais feliz do meu dia. A mãe dela pediu para ensinar a rapariga (Lali) a falar inglês muito bem. Fiquei mesmo feliz.
De resto, gostava de ver se encontro um hobbie aqui para ocupar o tempo livre e conhecer mais pessoas por aqui. Tenho estado a ver se há centros de Yoga ou algum tipo de desporto.
Adoro alguns voluntários, especialmente a Moama e o Matteo. Mas todos os outros também são prestáveis e tentam falar connosco mesmo que não saibamos italiano.
Este fim-de-semana devemos ir a Bolonha. Vamos estar com uma voluntária de Espanha e talvez nos encontremos com o nosso tutor.
13/10/18
Hoje as coisas estão melhores. O tempo aqui passa mais devagar. Parece que estou cá há meses e ainda nem meio mês passou. Acordo cedíssimo nem sei bem porquê por isso tenho ido correr de manhã. Devem ser os ares italianos.
Ontem fomos para o trabalho e estava lá a Lali. É tão bom ter alguém que percebe o que digo! Fiz o trabalho de inglês com ela. Depois ela perguntou se daqui a um ano eu ainda estava cá e eu disse que me ia embora. Ela perguntou-me, triste, “porquê? Tu és tão simpática!”. Fiquei extremamente feliz.
Depois fomos dar uma volta com dois voluntários da associação que são de Medicina e falam inglês. Fomos ver se havia um centro de Yoga aqui mas fechou. No entanto, a Letizia depois disse que talvez houvesse um ainda aberto. Por isso, vamos ver.
À noite estivemos a ajudar num jantar solidário que realizaram em Medicina. As pessoas pagavam uma quantia um pouco elevada que revertia para uma instituição. Estivemos , basicamente, a ajudar a servir a comida à mesa. Gostei muito e é sempre engraçado tentar falar com algumas pessoas quase através de mímica.
Depois de tudo ainda fomos a uma pequena festa aqui em Medicina com a Letizia e a Valentina. Chamava-se street food festival e era pequeno mas ainda haviam algumas pessoas nas ruas e música ao vivo.
Acho que as coisas estão a ficar mais estáveis. Já não me sinto tão triste das saudades, até porque as pessoas da associação tentam sempre arranjar coisas para fazermos. Acho que os primeiros dias é que são os piores. Vamos ver como correm estes dias.
Fomos a Bolonha. A cidade é fantástica. Nem tenho palavras para a descrever mas é como uma cidade medieval lindíssima. Tudo é pensado pormenor. Acho que as pessoas de lá nem sabem o quão linda é.
Fui com a Olga. Fomos a lojas de roupa porque ela precisava de uma calças. Depois encontrámo-nos com uma explicadora de italiano que ela teve na Alemanha. Almoçámos com ela e mostrou-se sempre com um sorriso na cara e uma pessoa energética, daquelas que transmite uma espécie de energia positiva no momento em que falam connosco. Ela falou de um programa que haveria de ser giro. Acho que se chama “Tandem” ou algo parecido e basicamente ficamos a falar com uma pessoa que saiba a língua que queremos aprender, enquanto nós falamos uma língua que saibamos que a outra pessoa queira aprender. Ou seja, no meu caso, objetivo é aquela pessoa falar Italiano e eu falar português e se tivermos alguma dúvida, perguntamos. É uma óptima forma para aprender a falar a língua. Vou procurar.
Quanto ao resto, fomos depois ter com duas raparigas do voluntariado: a Marina e Anetta. Elas são fantásticas. Comentámos religião, situação política no país país de cada uma, ambições, preocupações, também são como eu em termos de poupadas forretas, bebida (convidaram-nos para ficar uma noite em Bolonha a beber e dormiamos lá), etc... É tão bom ver como são de outros países com culturas tão diferentes mas como são tão parecidas em termos de peronalidade. Bebemos um café e passeámos por Bolonha, a deambular sem um destino fixo. Devemos ir a Florença com a Anetta e a Lily, pelo menos convidámos no grupo das voluntárias e mostraram-se disponíveis a virem connosco. Adoro que elas tenham aceitado!
Viemos para casa por volta das 19h e a Olga estava cheia de dores de cabeça. Teve imenso a azar porque acho que foi a vez, de todas as vezes que andámos no autocarro, em que as pessoas fizeram mais barulho. Vamos ser se melhora...
16/10/2018
No Domingo aproveitámos para descansar. À noite fomos ao street food festival mesmo aqui ao pé. Dançámos um pouco. Depois passou uma banda fantástica que fazia covers de rock. Foi divertido.
Ontem decidi fazer um prato tipicamente português, mas de uma forma vegetariana. Fiz alho francês à brás e ela gostou bastante. Fico feliz que goste de pratos portugueses, é sempre bom, visto que as pessoas internacionalmente nem conhecem muito.
Quanto à associação, mantém-se tudo igual. Continuo a tentar fazer um esforço imenso para perceber o que dizem porque falam rápido mas repetem sempre se eu precisar, felizmente.
Quando a Lali vem é sempre mais fácil. Ela é muito curiosa quanto ao português porque quer aprender. Tem imensas ambições. É uma querida. Normalmente vamos para o jardim brincar um pouco. No outro dia, estivemos às cambalhotas e aos pinos. Brincámos à mímica, entre outras coisas. Quando estamos mais preguiçosos, ficamos na associação a jogar às cartas ou a jogar ao jogo do stop. O que interessa, é que eles se divirtam!
22/10/18
Fomos ao centro de Yoga ver os preços e eram 36 euros, 6h por mês. Acho que não vale a pena. É demasiado caro e puxado para o aquilo que conseguimos pagar. Portanto, considerarmos estar fora de questão.
A Letizia disse-nos que a Hetti se tinha oferecido para dar lições de italiano, o que é ótimo. Pode ser que aprenda um bocadinho de italiano, veremos. Basicamente, visto que eu e a Olga estamos em níveis diferentes, vai ensinar primeiro a uma durante uma hora e depois a outra durante outra hora, duas vezes na semana.
Sábado fomos a Bolonha. Encontrámo-nos com a Omama e o Matteu. Eles são uns queridos mas eu estava estafada. Fomos jantar a um restaurante e finalmente provei o Tortelloni. Era muito bom, realmente! Estava a querer ver Bolonha à noite há imenso tempo! É fantástica! As luzes fazem uma cidade acolhedora, pintada de vermelho. Adoro aquela cidade.
De resto, fomos no dia anterior a “castelo s. Pietro” com a Litizia, Matteo e Omama. Passeámos um pouco no parque e almoçámos por lá. Gostei imenso, apesar de ser pequeno. Temos de ver se conseguimos explorar as pequenas terrinhas perdidas que se encontram de volta de Bolonha.
27/10/18
Hoje fomos a casa da Sandra, uma das voluntárias, almoçar. Éramos eu, a Olga, a Daniela (portuguesa), Sandra e Marina (espanholas). Levámos uma quiche de legumes e panquecas que fizemos no dia anterior.
Quando estávamos lá, senti-me um pouco mal porque a outra rapariga portuguesa já se desenrasca no italiano e eu nem por isso. Percebi tudo o que elas diziam mas não sei se alguma vez conseguirei ter a facilidade que ela tem. Ela disse que era porque no projecto não há mesmo ninguém que fale inglês, por isso, ela teve mesmo de aprender extremamente rápido. No entanto, senti alguma pressão para aprender mais rápido.
Vamos a Napoli no Arrival Training em Dezembro, ou seja, quando chegar a Lisboa já terei estado em Bolonha e em várias terrinhas à volta, em Florença, Verona e Napoli (Nola, mais especificamente). Espero que consiga, neste tempo, ir a todos os sítios que sempre quis em Itália.
28/10/18
Hoje ajudármos a organizar a banca da associação “La Strada” na feira de voluntariado em Medicina. O problema foi mesmo estar a chover, o que tornou tudo mais complicado porque não pudemos fazer muitas das atividades planeadas. Não estava quase ninguém na rua, portanto foi um pouco triste mas estivemos com a Omama.
Amanhã talvez vamos a Bolonha, mas eu preciso muito de fazer o trabalho de casa. Vou tentar fazer agora à noite só que preciso de internet para acabar e, para isso, preciso de ir amanhã de manhã ao escritório. Preciso mesmo de Internet e supostamente vamos ter em duas semanas. Não sei, vamos ver.
31/10/18
Feliz Halloween! Hoje a rapariga que costumo ajudar não estava. Tentei ajudar um rapaz muito querido que tem 12 anos, paquistanês e que se desenrasca no inglês. Hoje eram fracções e algumas eram muito dificeis... Acabei por ter de ter a ajuda de outra voluntária porque algumas coisas não consigo explicar. Quando acabaram os trabalhos de casa, as miúdas ficaram a falar connosco em italiano. É difícil responder, até porque falam depressa. Depois jogámos ao jogo do “Stop” que temos jogado imenso, especialmente quando está mau tempo para ir para o jardim brincar com eles.
As aulas de italiano que temos estão a ser ótimas. Adoro a Hetti, ela é uma querida e explica bem e isso é o que realmente interessa. Ela disse que o italiano escrito era bom e que só precisava de começar a falar mais. Eu sou insegura nisso, por isso custa-me um bocado, admito. Então a Litizia disse que havia um clube de teatro e que podiamos começar a ir para nos familiarizarmos mais com pessoas da nossa idade também. Era bom para começarmos a falar italiano.
Eu não me importo de ir mas é dificil. 30/25 euros por mês. Não é imenso mas é um pouco. Decidimos aceitar o desafio e tentar. A Letizia estava tão empolgada com a ideia que até vai connosco ao primeiro ensaio.
Hoje fizeram uma festa de Halloween. Imensa comida. Os miúdos vieram e estivemos a falar todos e a conviver um pouco.